Paleta areia
Dois estranhos conhecidos
E um caminhar de almas, grandes
Olhávamos a pedra no deserto, almejávamos o que era livre,
no que era o entorno da pedra.
Há verde, há flores, há plantas domésticas
E pedras
Montanhas, pradarias, pântanos
Pedras
Janelas, mansardas, frestas
Como sempre, pedras
Há nós dois sob escombros
Cascalhos e
Grandes, monumentais, pedras
Nos perdemos
Outra vez
Mas sempre retornamos
Caminhos solitários, sacrifícios diante de terras e entre mares
Com pedras, ali
Envelhecendo conosco
Logo alguns passos atrás de tais oceanos
Irrefreados, a sentir a fragância dos silêncios
Nauseados, secos, refratários
O ardor da pele que já
Descamou, renasceu, descamou.
Pela pedra aprendemos a olhar,
perder
passar
e esquecer.
Pela pedra fomos feitos pedra. Depostos. Sós.
Inéditos, frescos, quentes, com algo de super, algo de entreposto
Entre-desertos
Eu, a mirar os cactos do escritório
Vento de ventilador
Você, a arder cinco sóis e lamentar
Antigos cantos de sereias submersas
Nos bancos de areias
Em bancos encardidos de varandas.
Entre-desertos são entre-mares, lembra?
Você que disse
Enquanto cantarolava
Somos areia e água e vento
O entorno de Grandes Pedras
Do deserto
A gente não soube bem, está dito
Nem eu a ave de rapina, nem você o escuro
Somos grão
Depois que ventou.
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