pode meu corpo?
pode, chuva sem corpo,
pode, pubis laranjo, multicor.
pau, pedra, tangerinas partidas,
chegadas
suas, ausências, cheiros metálicos e camas remexidas,
outrora, de outra mulher, mas não mais...
cama quebrada, cama feita estante, pode ser até eu
sobre você,
ambos num tapete sem cor,
pois já não me lembro dessas tardes -
que ardiam de dias a fio, fios
embalados por seu violão
mal tocado e minha voz,
trêmula.
pode nós dois, ou três, certamente,
não mais que quatro,
que esse tempo é muito, é oco, e é
mais seu que meu.
oceanos, montanhas, cachoeiras esvoaçantes
com cheiro de grama caseira
trilhas de memórias roubadas de outrem
outros sexos, Outro sexo
organizações, filmes, nudezes, saudades,
folhas, espumas, suores, prantos de clímax,
prantos, de baba, prantos, de uivo, prantos
meus, mais do que seus.
entre idas e vindas pros mesmos, meios-caminhos
um teatro vespertino empoeirado
e cheio de mãos,
pau nem tão ereto assim
domingos de praça e
um conto falsamente dedicado a outro.
pausa-fim, corpo-fantasma
coito-exaustão, vivo-vivo-morto, um-tudo-plugado,
um quase bilhete sensual, numa declaração
de arremate
de que meu corpo
pode.
Mas, pode nós dois?
- Lihemm Farah -
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