Ode ao Paraíso
Se me tens alguma afeição, mate-me,
Mate-me, pelo amor de Deus!
Amor a qualquer coisa, ou a coisa alguma.
Que seja, então, um tipo invulgar de ternura ou pena
Afinal, não sou eu digno de atos de nobreza ou devassidão
Tenho, por um capricho divino, o dom da insipiência
Insípido. Como Poucos!
E essa talvez venha a ser uma de minhas qualidades mais notáveis.
Cavalguei pela vida me achando, com orgulho, um coitado
Era mesmo um fraco, quase convicto
[ou não seria, afinal, tão fraco assim]
E não há vira-lata de praça que eu não inveje, apaticamente,
Diante dos perigos da noite
Tenho evitado andar em calçadas,
Todas elas irritantemente desniveladas e oblíquas,
E foi ao me permitir manias que, talvez, tenha adquirido algum brio
No mais, desde minhas primeiras leituras, sempre soube que seria o da mansarda,
Mas sem talentos latentes,
Sem desajustar-me o suficiente para desenvolver qualquer charme pueril.
Inapropriado, mas apenas o bastante para ser insosso.
Levo os meus dias com a calma e perseverança de um párea,
Essas tão bem enraizadas e construídas
Que não me permitem sequer ficar entediado.
Coitado, mas não o bastante para sentir-me vítima de qualquer coisa
Ou para experimentar qualquer modalidade arquetípica de compaixão.
Sou aquele que não tinha qualidades, ou sonhos ou vergonhas
Ou nada que o valha.
Aquele que não foi sequer potência!
Um Zé, com todo o respeito aos Zés,
Esses têm reconhecido charme, ao contrário de mim.
Já eu, não sou muito mais do que aquele que não tem adjetivos.
Então, irmão, você que bate à minha porta e me oferece o paraíso,
Apresse-se e opere em mim a vontade divina, Merda!
Pregue o que tiver que pregar, desculpe a minha inédita grosseria e,
Com a sua melhor qualidade de ovelha, mate-me!
Faça o que tiver que fazer, mas em seguida mate-me, pelo amor de Deus!
Mate-me, pelo amor de Deus!
Amor a qualquer coisa, ou a coisa alguma.
Que seja, então, um tipo invulgar de ternura ou pena
Afinal, não sou eu digno de atos de nobreza ou devassidão
Tenho, por um capricho divino, o dom da insipiência
Insípido. Como Poucos!
E essa talvez venha a ser uma de minhas qualidades mais notáveis.
Cavalguei pela vida me achando, com orgulho, um coitado
Era mesmo um fraco, quase convicto
[ou não seria, afinal, tão fraco assim]
E não há vira-lata de praça que eu não inveje, apaticamente,
Diante dos perigos da noite
Tenho evitado andar em calçadas,
Todas elas irritantemente desniveladas e oblíquas,
E foi ao me permitir manias que, talvez, tenha adquirido algum brio
No mais, desde minhas primeiras leituras, sempre soube que seria o da mansarda,
Mas sem talentos latentes,
Sem desajustar-me o suficiente para desenvolver qualquer charme pueril.
Inapropriado, mas apenas o bastante para ser insosso.
Levo os meus dias com a calma e perseverança de um párea,
Essas tão bem enraizadas e construídas
Que não me permitem sequer ficar entediado.
Coitado, mas não o bastante para sentir-me vítima de qualquer coisa
Ou para experimentar qualquer modalidade arquetípica de compaixão.
Sou aquele que não tinha qualidades, ou sonhos ou vergonhas
Ou nada que o valha.
Aquele que não foi sequer potência!
Um Zé, com todo o respeito aos Zés,
Esses têm reconhecido charme, ao contrário de mim.
Já eu, não sou muito mais do que aquele que não tem adjetivos.
Então, irmão, você que bate à minha porta e me oferece o paraíso,
Apresse-se e opere em mim a vontade divina, Merda!
Pregue o que tiver que pregar, desculpe a minha inédita grosseria e,
Com a sua melhor qualidade de ovelha, mate-me!
Faça o que tiver que fazer, mas em seguida mate-me, pelo amor de Deus!
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