Péssimo dia, Jezebel

Péssimo dia, Jezebel, para vestir vermelho. Para gargalhar orgulhosa e provocar ciúmes. Para roer a ponta dos meus dedos e com talheres de prata.

Péssimo dia, Jezebel! Para deixar cacos de vidro no meu leite ou bater a porta, da sala, da cozinha. Inapropriado também para incomodar a minha leitura com cheiro de granja, ou porque os ovos ou porque a crise ou porque a sua mãe ou porque a que já teve o meu amor ou porque você é tão burra, mas pelo menos era bela e concisa. E, definitivamente, não era gorda. 

[A tua mãe]

Péssimo dia, Jezebel, para dançar. Me deve ter tomado por mais um tabarel, ou algum outro cínico, que se entretém com seus saltinhos fora de compasso. Ou teu infanto-riso, tanto forçado para te valorizar as covinhas, que só fez acelerar as marcas do teu tempo. 

[Ou com quantos cremes 
se fazem uma caveira? 
Ou com quantos venenos, Jezebel?]

O próximo terá os mesmos defeitos que eu? Teus olhos não mudaram. O posposto, esse, será igualmente tolo para te agradar e lamber e te entediar? Até ser inveteradamente vil e cruel? Olha que teus olhos, tua língua, não mudaram. Teu falso ineditismo não vai sublimar a realidade.

[Cadela: Diz-se das meretrizes,
Das cachorras,
De rua ou familiares, 
Também das mulheres da tua família.]

Fosse eu, Jezebel, sugaria teu sangue de lábio mordido e promoveria para mim essas alegorias que exaltadas. 
[Ignora-as todas, eu sei.] 
Ou, meteria-me dentro de meu ventre materno e inverteria o sentido de minha vida,... de tua vida. 
[O que você jamais entenderia]

Sim, um dia inadequado e azedo para leviandades, Jezebel [vadia estúpida, Jezebel]. E para as tuas quimeras. Jezebel. [Jezebel]

Dizer-me a mim que não sei dançar... 
[Pior tem sido falar para as paredes, sua...MULHER!]

Não, não quero dançar. Toda valsa é inútil, Jezebel, e o inútil só não me enraivece porque me deixa indisposto.

[Jezebel, 
vai pro caralho!]

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas